domingo, 19 de outubro de 2008

Coisas do Nordeste

Cartas de Freixo

O Comando é Meu
Brevemente se saberá quem será entronizado para combater Sócrates, José Sócrates.
Se Pedro “O Grande”, se o PSD dará aos crentes algum coelho tirado da cartola, ou se vamos ao encontro das palavras populares “em casa de Ferreira, espeto de pau”!
Independentemente de quem vier a defrontar o tido como imbatível José Sócrates, algum do espaço da mediatização já está a ser ganho pelos suspeitos do costume: progenitores de frases simplórias e pensamentos-mal-feitos.
Mesmo contra evidências que atestam os factos, nenucos assanhados continuam a fechar o cerco ao menino guerreiro.
Indiscutível é que, quer queiram quer não queiram (e haverá alguns que não querem), quer gostem quer não gostem (também haverá um cibinho de cidadãos que não gostem), PSL (Pedro Santana Lopes) assume obra, ostenta pensamento político, e carrega combatividade.
Mas esqueçamos esta parte curricular.
Que julgamento livre, exacto e justo, se pode dar a alguém que durante 6 meses não pôde Governar? Evitando assim que cidadãos e cidadãs ficassem impedidos de o julgar, porque por e simplesmente a violência dos ataques e o desdém obsessivo cumpriram com mestria a missão?
É este enredo que marca estas eleições partidárias.
O que se joga nestas preciosas directas do PSD é, nada mais, nada menos, do que um ajuste de contas. Ou, se preferirem, é o troco da moeda…
Pode ser cruel, mas torna-se necessário.
Após o fecho desse capítulo, os hóspedes da nova direcção do PSD vão, por cima dos escombros, alimentar a urgência de arrumar a casa, para poder avançar para o país.
Passo a passo.
A guerrilha da Guerra do Vietname, ajuda-nos a compreender “primeiro, conquistam-se os campos. Depois, as aldeias. Parte-se para as cidades e finalmente… Saigão”!
Nada mais.
E PSL, ganhará o PPD?
As facilidades não são as mesmas de há 3 anos. Facto.
Se, se PSL ganhar o partido, levará a taça em 2009?
Neste caso, plagiando tempos que já lá vão “O Povo é sereno”. Seja feita a sua vontade.

Diga 33.Parte da Nação anda muito sensível. Ou crispada, como agora se diz.
A última causa foi um inoportuno estudo encomendado pela Presidência da República (disponível, a bem da Nação, no respectivo site) e referenciado pelo Presidente nas comemorações do 25º dia do mês de Abril!
O referido trabalho de umas simpáticas 52 páginas (incluindo a capa) inicia com uma constatação dramática. Cite-se: “quer de um ponto de vista quer absoluto quer comparativo, é notória a insatisfação dos portugueses com o funcionamento da democracia, assim como a existência de atitudes favoráveis a reformas profundas ou mesmo radicais na sociedade portuguesa (…). De um ponto de vista quer absoluto quer comparativo, os portugueses evidenciam atitudes de baixo envolvimento com a política. A relação entre a idade e o grau de importância dada à (e interesse na) política é curvilinear, ou seja, menor entre os muito jovens e entre os mais velhos (…)”.
A Pátria ia submergindo, tal era a força da indignação das virgens pudicas.
Compreende-se!
Que estudos de opinião plasmados nos jornais do regime debitam, de quando em vez, o óbvio: distanciamento dos soberanos relativamente à classe política (mormente Deputados), descrédito da classe política (titulares de cargos políticos de dimensão nacional) vá lá que não vá.
Agora, proferir a sustentação de estudos desta estirpe no Salão habitado pelos responsáveis deste degredo, com a agravante de ser pronunciado pelo Presidente da República, para além de deselegante, só podia desembocar no reflexo cavloquiano (trocadilho com a tese de Pavlov): quando Cavaco opina, alguns açaimes partem-se.
Entendamo-nos.
Há mais de uma década que o Parlamento ciclicamente se converte à discussão mais cínica, dispendiosa e oportunista sobre a reforma do sistema eleitoral.
Cínica porque está carregada de oportunismo.
Oportunista, porque serve apenas os interesses do momento.
Dispendiosa, porque foram encomendados vários estudos, a várias Universidades públicas e privadas, para aferir o quadro dos círculos uninominais, sem que daí houvesse a concretização desse compromisso.
Haverá melhor aproximação entre a classe política e os eleitores do que o sistema de proximidade que está intrínseco, por exemplo, no municipalismo, e que de uma certa forma caracteriza os círculos uninominais?
Ao ter havido as manifestações de indignação à apresentação deste estudo, entrámos no campo que o estudo aflora, mas não explicita: o divórcio persiste, porque alguma classe política quer que o sistema não acabe.
O árbitro do nosso modelo constitucional já apitou, espera-se que continue de intervenção em intervenção, até ao apito final!
Essa é que é essa.

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