domingo, 24 de outubro de 2010

Todos sabemos, porque todos somos parte, que a Pátria anda agoniada.
Desde há muito, que a Nação anda a ser vítima de uma governação qualificada, com toda a justiça e saber pedagógico, na adjectivação mais sórdida.
A urdidura que motivou o atraso crescente da pobre Nação, começou a ser nutrida em alguns meios influentes da civilizada Lisboa e rapidamente fez lastro na ignomínia do que ficará, perenemente, conhecida por “Golpe de Estado Constitucional”.
O nosso fado é de tal forma arrepiante, que, quiçá por vingança freudiana dos vencidos do 25 de Novembro, foram-se os Americanos, vêm os Venezuelanos…
O País, cada vez mais, anda como o coelhinho da Alice do País das Maravilhas…
Os cidadãos, onde se destacam os Funcionários Públicos, são menosprezados a favor do Estado de alguns funcionários…
A propaganda (bem feita, registe-se), tique dos que vivem para o espelho mas que não sabem extrair as devidas leituras cívicas (caso contrário, como a avestruz, escondiam a cabeça, tamanha é a vergonha do que fica; ou faziam como a Gazela, animal de bom porte, que com um só salto perde-se de vista…).
Mas não! Quais glutões, insistem, insistem, não se dando conta que o tempo se esgotou.
Nesta teia cada vez mais emaranhada, novos e seguros passos, assim se idealiza, estão para chegar.
Não obstante, esse bálsamo por si só não chega.
Torna-se terapêutica e patrioticamente útil, reconhecermos a nossa passividade endógena relembrando João Chagas nas suas “Cartas Políticas” de 1909 “ (…) fazer vingar a causa do povo em Portugal é operar uma obra de prodígio. O povo não está feito. É fazê-lo. Não é ressuscitá-lo. Ele nunca existiu. Na realidade é dar-lhes nascimento e mostrá-lo à própria nação assombrada, como um homem novo e sem precedentes (…)”.
Diz a imprensa de Lisboa que o Governo da mentira, na prossecução da sua vereda fantasiosa, clama pela solidariedade pingada por lágrimas de crocodilo e impõe funestos sacrifícios a troco de quimeras e soluções que, jamais, se consolidarão.
Pedem-nos, em nome do interesse Patriótico, que contas mal feitas sejam caucionadas na Casa que tem a obrigação moral e dever político de defender o Povo, e não de o vilipendiar com decretos ignóbeis e práticas sorrateiras.
Caceiteiros elevados ao título de excelsos comentadores ou iluminários políticos, assustam a Nação com uma espécie de invasão soberana perpetrada pelo FMI, como se não estivéssemos, já, numas amostras de trevas…
O Apocalipse económico e financeiro, avizinham-se se o ditoso orçamento não for aprovado.
Dissimuladamente, os donos do documento que ninguém viu ou lê, mostram a sua verdadeira raça. Dos processos de culpa formada do tempo da outra senhora, passamos para o tempo de votar em cruz. Brilhante Democracia!
Perenemente insaciáveis na arte de nos roubar a paciência e infligir o mais contundente ataque às circunferências do nosso cérebro, lançam o anátema fantasmagórico da crise política, se a espécie de orçamento for patrioticamente chumbado!
Perdem-se em discursos com requintes de falsa mansidão, que mais não escondem do que intentos da fauna menos domesticada, para evitar fazer ver o que a Nação indubitavelmente carece: uma nova Administração.
Falam, falam, e não se cansam de falar, mas ninguém esclarece a nobre Pátria e o esgotado Povo: o que mudaria, para pior, se, pedagogicamente, a nobre Nação vier a ser governada em gestão durante 8 meses?
Que garantias e segurança política, social e económica estão impregnadas no ADN deste Governo, que nos leve, a todos, candidamente, imputar aos escombros a Salvação Nacional?
Salvemos os dedos e esperemos pelas auroras da Primavera de 2011 para que, num Domingo qualquer, licenciemos um novo Parlamento…
A Nação, submerge, mas os culpados são um de dois: o PSD ou os submarinos.
Essa é que é essa!

República: Esqueçamos o regicídio. Expliquem-nos a todos como se tivéssemos 5 anos.
Evocaram-se os 100 anos de que República? Em 1910, é certo, o País estava em bancarrota.
A par destas minudências, do 5 de Outubro a esta data, o país integra no seu acervo histórico: 71 Governos, quase 50 anos de Ditadura e, por assim dizer, 12 estados de alma, que em linguagem técnica designam-se por insurreições militares!
É muito para 100 anos, mas francamente pouco para fazer do 5 de Outubro de 1910 a grande lápide da História contemporânea.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

16 de Janeiro de 2010:Odisseia no Espaço. Este dia promete!
Os participantes asseguram, no mínimo, um dia de afortunadas recordações. Os organizadores, sempre suspeitos nas apreciações, corroboram que esta data será feita por “gente feliz com lágrimas”, como contraditava o escritor. Mesmo que a participação seja solitária, há quem acredite que muitos vão gostar de dizer “eu estive lá”!
A participação será livre mediante, claro está, da necessária inscrição. Porque, quem é aficionado gostará de participar nesta acção lúdica e cívica, não deixe passar os prazos e inscreva-se no passeio “Todo Terreno-Off Rood” a ter lugar no dia 16 de Janeiro na freguesia de Lagoaça (Freixo de Espada à Cinta).
Pare, Escute e Olhe! A doce e imaculada Pátria assiste (escuto, câmbio) agonizada, ao mais recente mistério desta saga em que se transformou a política pura e dura (escuto, câmbio) versão campina.
A culpa? Não, não é do obscuro sistema, nem tão pouco do casto Governo, para repescar o dilatório argumento do dentista do “Velho que lia Romances de Amor” (escuto, câmbio), que se estribava, sempre, nesta figura de necessidade cada vez mais duvidosa (escuto, câmbio) para os descrentes, quando tinha que sustentar qualquer eventualidade menos própria (escuto, câmbio).
Os lugares comuns destes tempos em que a paciência definha, a tolerância rareia, e a esperança, apesar de tudo, não se apaga (escuto, câmbio), resvalam facilmente para o clamor de um Messias, que, espera-se, com toda a justiça e equidistância dos poderes fácticos, consiga dar à República, a serenidade e o rumo (escuto, câmbio) há tanto tempo perdidos.
De facto, olha-se para este ziguezaguear, para as soluções indefinidas, para este nosso fado que açambarcou a palavra saudade, mas que emperra na esperança (escuto, câmbio), e quando perguntamos por ela, ocorre-nos, com força metafórica, o que escrevia Guerra Junqueiro, no “Regresso ao Lar” em Os Simples: “Ai, há quantos anos que eu parti chorando deste meu saudoso, carinhoso lar!... Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...”.
Mas quão contraditória é a Lusa Alma! Não obstante todas as deambulações, a esperança é a última a morrer.
É nesta esteira que, apesar de só haver um candidato definido, Homens e Mulheres de ideias arrebatadoras, com forte sentido patriótico e partidário, lançam-se na espinhosa empresa de reerguer o saudoso império do PPD/PSD!
Valentes e destemidos (escuto, câmbio) vão tibiamente avançando em várias colunas para que Marcelo, qual César, entoe: veni vidi,vici, (vim, vi, venci) na ditosa esperança que a aurora de Maio seja fértil em profecias que ecoarão em cada naco de solo pátrio. A bem da Nação! Será?
A Casa dos Espíritos: Foi a 2 de Dezembro de 1979, 4 anos após o acto heróico do 25 de Novembro, que Portugal conheceria uma maioria estável e unificadora da Direita: AD de baptismo e de alegre lembrança.
O país, embora fora das convulsões do PREC, ainda vivia assaz atormentado com os golpes de laboratório que inquinavam a solidificação do que era líquido extrair do 25º de Abril de 1974…
Á época, um governo liderado por Francisco de Sá Carneiro, detentor prático de um discurso apologético da boa moeda, personificava a ruptura necessária.
Enfrentava esse órgão mórbido denominado “Conselho de Revolução”, contestava a figura do General Eanes (então Presidente da República e recandidato), tido como força de bloqueio, batia-se pelo avanço constitucional do país e prossecução de uma economia de mercado, onde o conceito individual não fosse abatido por uma fúria nacionalizadora. No campo social, pugnava diariamente por causas e convicções, como espelharam alguns dos seus comportamentos.
Perante o pântano da Nação, jogos sub-reptícios e comezinhos que implodiam não só, mas também, no então PPD, não se coibiu de idealizar mentalmente um novo partido, e colocá-lo à disposição da Pátria, caso a sua estratégia não fosse compreendida e portanto não medrasse. Lamentavelmente, não lhe deram tempo, mas fica a verdade dos factos: se há exemplo de boa moeda, e de um bom governo, o magistério de poder de Sá Carneiro é o supra paradigma. Essa é que é essa.
Orgulho sem Preconceito: Para que a memória comece a ser enraizada, recorde-se que no próximo ano evocam-se 100 anos da implantação da República. De todas as figuras gradas que lutaram pela transição de regime constitucional, sobressai-se um nome: Guerra Junqueiro. Era de Freixo de Espada à Cinta. Para que conste.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Após 4 anos e meio de pomposa propaganda, a Pátria aparentemente acordou e apercebeu-se que este período legislativo das trevas aconteceu mesmo.
Neste contexto objectivamente draconiano, entre a amálgama do power-point, tele-ponto, pseudo-reformas, criancinhas bem vestidas para darem corpo a algumas cerimónias infanto-juvenis, os mais optimistas não se inibem da sentença: ainda houve tempo para tomar conta dos desígnios da Nação. Mau grado alguns pormenores estratégicos, o Presidente Cavaco estava atento!
Seja como for, há dois pormenores que ressaltam.
Um, de natureza mais comunicacional, outro, mais institucional.
Estribemo-nos no “primeiro”.
Ao longo de 3 anos (sensivelmente), como corolário de antagonismos fratricidas que ameaçavam implodir o PP e o PSD, e na sequência da escalada da domesticidade da imprensa e comunicação social nacional, o Governo Socratino pariu (é o termo) uma impunidade jamais conhecida e ia secando a tosca oposição.
A alternativa a esta letargia ia-se cimentando em torno da Direita (o vocábulo que, à excepção de explicação Freudiana, não se percebe a diabolização sócratina) fora dos canais clássicos.
O Parlamento deixou de ser a arena (se olvidarmos um momento épico) do combate político e transferiu-se para a internet, onde pontificam páginas como o “blasfémias”, o “31 da armada”(que recentemente fez hastear a bandeira monárquica no edifício da Câmara de Lisboa) e, noutra linha, o “do Portugal profundo”.
Iniciativas que saíram fora dos círculos partidários, embora sejam próximos ideologicamente.
Perguntar-se-á se esta “explosão”cibernética é sinal dos tempos. Não, não é!
Na circunstância, tem a ver com um pequeno detalhe: será porventura mais fácil lançar factos políticos numa página que não está sujeita ao juízo acessório de uma administração que se põe a jeito…
No concernente ao elemento institucional, ele consubstancia-se, grosso modo, na diminuição electiva de Deputados em determinados círculos eleitorais.
Bragança, foi um deles (transitou de 4 para 3 Deputados a eleger).
Neste âmbito, se bem me lembro, instintos patrióticos mais regionais esmiuçaram a putativa ofensa do PSD (nacional) em escolher como cabeça de lista um personagem que nada tem a ver com a região.
Uma falsa questão!
Se, simbolicamente, não se nega, é relevante que os Deputados tenham laços umbilicais com o respectivo círculo eleitoral, não deixa de ser verdade que o berço geográfico nunca foi tradição no PSD/Bragança, e desse facto nunca decorreu qualquer prejuízo para o Distrito.
Admito que para o caso concreto, e em abstracto, seria mais reconfortante que um qualquer cabeça de lista justificasse a sua escolha com o argumento de que conhece bem o Distrito porque faz muito turismo de natureza na região! Uma versão mais campestre do argumento de mar utilizado pelo socialista e lisboeta João Soares, cabeça de lista pelo PS no Algarve…
Mas factos, são factos. E importa expurgar as fábulas que se associam à ligação directa terra-candidato.
No plano constitucional, os Deputados representam o País e não o círculo eleitoral. Donde, dizer e pensar-se o contrário, torna-se interessante no campo da metáfora!
Se se quer tomar como regra convincente que o Deputado não é filho da Nação, mas da Região, só há um caminho de verdade: reformule-se, como tem sido aventado há anos, o sistema eleitoral, permitindo (como no sistema anglo-saxónico) a criação de círculos uninominais, onde os escolhidos têm afinidades intrínsecas com os soberanos!
Finalmente, considere-se que, a acreditar nas infantilidades das sondagens (a única e a verdadeira acontece no dia “D”) parece que o eleitorado não se indigna com esta escolha externa.
A razão é simples e empírica: da forma como o sistema está edificado, a orientação de voto do eleitorado é condicionada pela vontade de legitimar um(a) líder partidária como futuro(a) Primeiro(a) Ministro(a), e essa força de mudança só se consegue com o voto numa perspectiva nacional.
Essa é que é essa!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Coisas do Nordeste

O Leitor. Foi publicada na última edição do Expresso, uma sondagem relativa às Europeias.
Duas observações daqui decorrem.
Para qualquer sujeito que não tenha especial predicado com a actividade partidária, o empate técnico entre o PSD e o PS, aparecerá como complemento directo do estado da arte. Os mais racionais, poderão eventualmente, alvitrar uma vitória de Paulo Rangel.
Todavia, o lado mais pitoresco desta sondagem é que o nível de abstenção é calculado na junção dos indecisos e abstencionistas, perspectivando pouco mais de 20%!
Esta vertente errática faz-me lembrar a resposta do Director do Centro de Sondagens da Católica (que atribui sempre os resultados mais penalizadores para o PP) quando inquirido sobre a razão para nunca acertar na força do PP: “não sei”, respondia com ar pungido! Louve-se pelo menos a honestidade.
Pois provavelmente, no seu cômputo geral, a falibilidade das sondagens radicará na forma conservadora como se extractam os dados e do método utilizado, ou não?
Assim sendo, sabendo nós o peso dissuasivo e persuasivo que as sondagens comportam, seria quase assunto de Estado rever o método e a forma como as sondagens são feitas.
Desde logo, seria importante a publicação na ficha técnica de todas as perguntas efectuadas, e respectiva ordem.
Exceptuando as sondagens feitas com simulação de voto em urna, os restantes estudos assentam na entrevista telefónica.
Sabendo nós, que com a explosão dos telemóveis, o telefone fixo perdeu alguma relevância, a pergunta é: fará sentido ter nos lares com telefone fixo a base da amostra para efectuar estudos de opinião?
A pergunta fica.
Sexo Mentiras e Telemóveis. Que a escola pública (saliente-se PÚBLICA) tem sido objecto dos mais vis atentados, ninguém tem dúvidas.
Que, por força de decreto, o saber endógeno tem sido ocupado por outros lugares, nomeadamente o circo, a diversão, e laboratórios experimentalistas, ninguém o pode negar.
O exemplo tresmalhado de Espinho é disso paradigmático.
Mais do que o comportamento desadequado da docente (indubitavelmente passível de sanção penal bem como a gravação ilícita da famigerada aula), mais do que a imaginação com que se enquadra a época clássica (na circunstância Roma), uma pergunta sobressai: o progressivo instinto da criatura adolescente para a provocação, a decadência com protecção legislativa do papel do Professor (bem sei, há de tudo no rebanho, como em qualquer actividade), o uso indevido de telemóveis, gravadores e afins, mais do que hábito, é sinal motivador dos tempos.
Entramos, há muito, no paradoxo legislativo.
A permissividade do legislador em determinados cânones tem sido tão recorrente, que faz recordar “as desordens do tempo presente” a que aludia Hobbes, cientista político dos séc’s. XVI/XVII.
Já agora, para os abstencionistas da memória, convinha recordar que por coincidência ou calculismo puro, os partidos que fazem a apologia avinhada da educação sexual e da distribuição dos preservativos nas escolas, desapareceram quando o epicentro noticioso estava localizado em Espinho.
Deve ser do tempo.
Mi Allegro! Manuel Alegre, saiu mas não desistiu.
Estará cansado o poeta voz de trovão? Não.
Sabendo que o sonho comanda a vida, dizem os jornais de Lisboa que chegam à província, que Alegre optou pela equidistância para reencontrar amores antigos de 2006.
O tempo, melhor conselheiro para as tempestades emotivas, ditará a bonança ou a desgraça.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Coisas do Nordeste

Outubro: o mês de todas as decisões!
A indecisão paira na atmosfera.
O desconhecimento de quem vai a jogo, é geral.
Todos se preocupam com o rumo que o destino glorioso pode ter, mas ainda não se perfilham, objectivamente, domadores para encaminhar o voo desejado.
Não obstante os prazos a cumprir, entre nomes propalados e vontades pífias assumidas, ninguém sabe quem é, ou quem são, os rostos que pretendem acolher a vontade dos inscritos nos cadernos eleitorais.
Malgrado a multiplicação dos projectos de intenções, dos chorrilhos de ideais que são regateadas, e das vontades ganhadoras enunciadas, não se vislumbra qualquer fumo branco no horizonte.
Por este andar tíbio, as massas ainda irão para férias de verão (rima e não faz mal) sem saberem quais as candidaturas presidenciáveis.
Assim está a ser a pré-campanha para as eleições do Benfica!
O Segredo. Uma amiga dada aos esoterismos decidiu, em nome da Pátria (reminiscências do mês de Abril, presume-se), pegar na trela e, na companhia do excelente perdigueiro português com pedigree, rumar por esses cantos fora à procura da cabala e de todos os vasos comunicantes que se lhe associam (campanhas negras, poderes ocultos, etc etc…).
Não foi preciso.
Após um curto período de reflexão, ela percebeu que a cabala faz parte da nossa História.
É um gene que já nasceu com a nossa “nacionalidade”, e persegue-a qual sombra tenebrosa.
Grosso modo, em termos simples mas não simplistas, podemos fazer a redistribuição cronológica da Cabala em menos de meia dúzia de tempos históricos.
O 1º período, expeliu no processo em que caíram um grupo de conspiradores galegos em conluio com D. Teresa, cujo desfecho imparável nunca mais abrandou.
Após séculos de frustrações e recalcamentos, a cabala originou uma campanha negra que desembocou na tomada do poder pelos Filipes. Dando-se assim o IIº período.
Mas como a História é um sistema em constante evolução, e este País não dorme, apesar de todas as convulsões e transições, em Abril de 1974 a Nação acorda com o susto dos poderes ocultos. Fim do IIIº período!
A partir daqui, já todos conhecem a História e estórias que nos levaram e levam para momentos de glória, não obstante as adversidades negras da Nação.
Eusébio chorou pelas Quinas, Scolari sofreu e quase ganhou com os seus, Figo e Ronaldo são uns vencedores onde só vingam os melhores, e quanto ao resto, inibo-me de me pronunciar, já que, fazendo fé (valha-nos Deus, será a fé, os dedos dos tempos que correm?...) os processos andam aí!
E eu, conservador, católico, praticante de quando em vez, pai de filhos, pretendo continuar perenemente ligado aos bons ensinamentos da Santa Madre Igreja.
Assim seja feita esta vontade, para não claudicar na piada fácil e quiçá… pecar!
Ou ter um processo.
O Estranho Caso de D. Afonso Henriques. Discorre nos meios académicos a tese, sustentada em documentos históricos assinados por D. Teresa, de que D. Afonso Henriques teria nascido em Viseu.
Em tese, o berço de cada um não carece de grandes pleitos, a não ser que, por razões simbólicas, a unidade de maternidade que está posta em causa, seja aquela em que veio ao mundo o nosso Primeiro Chefe de Estado (para utilizar uma terminologia mais contemporânea).
Vem isto a propósito das comemorações dos 900 anos do nascimento do Senhor D. Afonso Henriques.
A cidade de Guimarães, obviamente, vai comemorar com pompa a circunstância. Um comportamento expectável, já que o Fundador se encontra encrostado à cidade.
O que nos deve obrigar a pensar, é a idoneidade, ou o romantismo, com que se alimenta a História de Portugal.
As investigações agora veiculadas, exceptuando um ou outro meio, estão a ser expurgadas do debate público.
Acaso esta tese do obscurantismo se mantenha, mesmo que se trate da simbologia do elemento principal a constar no cartão do cidadão à l’ époque, não deixa de ser um elemento de relevância histórica.
Ao descriminá-lo, embrulhamo-nos nas orientações que vigoravam no cancioneiro de um certo tempo…
A Europa está connosco? Foi nos idos anos 70, que o PS lançou como mensagem de campanha nas eleições legislativas de então, o célebre “A Europa Connosco”.
Atendendo ao período de transição política que se atravessava, este apelo trazia consigo a preconização de um sistema político plural no campo ideológico, e no campo da estratégia política, tinha como intuito “colar” o PS a uma influência com ramificações aos Governos da então CEE.
Volvidos que estão 22 anos da plena integração, e num contexto de pré-eleições europeias, o que move os partidos em sede de eleições europeias?
A resposta (generalizada, bem entendido, porque há algumas residuais excepções) é simples: nada!
Atentemos para os cabeças de lista conhecidos.
Temos a continuidade na esquerda e extra-esquerda (pouco significativo, na utilidade da coisa), temos o efeito diversão no PS, o travão no CDS-PP e a pretensão silenciosa do PSD.
A escolha de Vital Moreira estriba-se na arte do efeito diversão!
Não é homem de massas, não é homem de comunicação (basta apreciar a dissonância entre o que escreve no seu blogue e a opinião oficial partidária…), é independente, longe do aparelho.
Pelo contrário, é um intelectual. Assim sendo, vai construindo um discurso que, no momento, interessa à situação: focalizado em teorias do europês, mas que nada dizem ao eleitor comum. Indubitavelmente útil no campo das ideias, mas desinteressante na tradição das europeias…
Vai, portanto, afastando do discurso a realidade política caseira. Conveniente para a situação, mas não consequente, atendendo às manobras da reacção!
Foi a antever esta estratégia, que o PP avançou com pesos pesados: dirigentes partidários e Deputados Nacionais. Experiência acumulada para que se discuta, nestas “primárias” a política caseira…
Conveniente para o momento, péssimo para as pretensões da situação.
Pergunta-se: saberá o PSD acompanhar este percurso inteligente do PP?
No resto dos dias que faltam, saberemos a verdade e consequência desta opção vital!
A Europa, segue dentro de momentos…

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Coisas do Nordeste.18/11/2008

Portugal. Jaz 10 anos sobre o óbito ao esquartejamento político-administrativo do país.
Estribados nos argumentos de que a Constituição da República de 1976 salvaguardava, princípio que ainda se mantém madraço, a divisão do país em “governos regionais”, avançou-se, de forma destemida, para o bem-aventurado referendo.
Uma exigência apresentada pelo então Presidente transitório do PSD, ao 1º Primeiro-Ministro fugitivo da história do Constitucionalismo Português, pós mês de Abril.
Proposta aceite, resultado consumado…
É irrelevante, para a circunstância do tempo, avocar os argumentos de vilanagem intelectual, que à época formigavam em alguns círculos.
Recordo, todavia, o que mais amiúde era alvitrado: correlação directa entre desenvolvimento económico e regionalização política!
Exemplos abundavam, quais promoções por atacado em qualquer mercearia: Holanda, Alemanha, Bélgica, Espanha, só para citar alguns dos privilegiados.
Não interessava focar o que subjazia à História Política de cada um desses países, evitava-se explicar os condicionalismos históricos que obrigam, de forma perene, os Estados em causa a terem uma divisão política do território bem diferente da nossa.
Interessava, como provavelmente interessará, fazer a intoxicação com argumentos falaciosos, e de candura fonética para tímpanos incautos e mentalidades distraídas…
Volvidos 10 anos, pergunta-se: o sonho regionalista embrenhou-se no manto de Orfeu? Não.
Antes pelo contrário.
A partir daí, assistiu-se (com a cumplicidade de todos os governos, e com excepção de um ou outro caso residual), a um dos princípios sub-reptícios da regionalização a Norte: um poder concentracionário no Porto, desejoso de ostentar uma legião de províncias para lhe dar corpo às provincianas tentações, em oposição a um outrora território muçulmano.
Convinha que alguém lembrasse, que as Cruzadas foram um percurso de outras épocas e outras vontades!
Para que queres a Regionalização? Perguntava a Princesa Trás-os-Montes ao Imperador Porto? Para te absorver melhor, respondeu ele.
E Maria Vitória, acabou-se a História. Bons sonhos!

O segundo Sexo. Assim se chama um livro escrito por Simone de Beauvoir, nos idos anos 40 do séc. XX. Recomenda-se.
Vem à colação a corrente feminista, a propósito da consagrada lei das quotas, que percorrerá com indubitável elegância futuros actos eleitorais.
Submeto-me desde já à apresentação da minha declaração de interesses: não comungo, na esteira da participação activa de cidadãos na política, de qualquer descriminação positiva em função da genética.
Confesso que nos primórdios da discussão da lei das quotas, ao assimilar determinados argumentos “prós”, fiquei com a pesarosa sensação que a corrente dominante da tribo seria basicamente esta: se no passado mandavam as mulheres para a cozinha, agora, pretendem enviar as senhoras para o Parlamento!
Felizmente, que no meio do turbilhão, há sempre alguém que domina o bom senso, donde, que a euforia feminista deu lugar à exaltação do papel feminino, contribuindo desta forma para que a intervenção feminina fosse sendo real (sem eufemismos), e pormenor relevante: desprovida de participações musculadas…
É assim, que em nome dos valores pelos quais pugnam, e sujeitas a uma estrutura intelectual sólida, dá para apreciar… a até agora conhecida, e outra provável, participação feminina em alguns actos eleitorais de 2009, são o mais arrojado testemunho de que a relevância no feminino pode ser fatal, não sendo para isso necessário cair em instintos que nasceram, e salvo recalcamentos, morreram em Maio 1968!...
É genuíno e sabido que, noutros tempos, a intervenção social e política da mulher foi exposta a um trilho de espinhos.
Da mesma forma que o oposto, por razões de mera propaganda, é certo, também se verificou (sugere-se, a laivo de exemplo, a leitura de “O Rosto do Movimento Nacional Feminino)”.
Seja como for, será de bom tom, até para efeitos de auto-estima, recordar alguns episódios que evidenciaram a corajosa participação social no feminino.
Não obstante a distância temporal (400 anos), é líquido que em 2008 esteja sólida a experiência de Lady Winhilsea, que nos finais do séc. XVII, vendo castrados os seus tentos de escritora, desferia assim a sua legítima raiva:
“ai de mim! Uma mulher que se vale da pena
É considerada uma criatura tão presunçosa
Que não tem meio algum de se redimir de seu crime”.
Pois que saibam as mulheres políticas, presentes e futuras, aproveitar o exemplo de Mistress Aphra Behn, senhora oriunda da alta burguesia, que no séc. XVIII desafiando preconceitos, dedicou-se à escrita e passou a ter grandes proventos numa actividade até então monopolizada pela mão do homem...
O futuro dirá, se confrontados com algumas vitórias femininas, a ingenuidade do português idioma não finalizará assim: é de Homem! Perdão, de Mulher…

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Coisas do Nordeste


(Salvador Dali, Persistência da Memória)
Taxa de Câmbio. Aos 19 de Outubro de 2008, 3.º ano da era da boa moeda, numas eleições pautadas pela maior taxa de abstenção de sempre, o PS manteve a maioria absoluta no parlamento regional dos Açores.
Dizem as crónicas que Sócrates, na esteira da sua postura standard, rejubilou.
É normal. Nem à lupa se justifica que se criem convulsões pasmódicas.
O Povo açoriano, limitou-se a corresponder às expectativas do que nos oferece quem representa a “Pátria”.
Exceptuando as eleições autárquicas, e verdade seja dita, muito antes do início da épica era da boa moeda, que o distanciamento entre soberanos e governantes, é do tamanho de uma cratera.
O perigoso, não é ser-se eleito por uma franja do eleitorado. Perde-se e ganha-se por um.
O que é sintomático, é que passados mais de 30 anos da Revolução de Abril, os eleitores não se abstêm de manifestar a descrença do poder do voto!

Este país não é para Velhos. Dizem as memórias escritas, que no glorioso período do PREC, os insuspeitos movimentos anarquistas indignavam-se com o estado de sítio que pululava por este rectângulo soberano.
Diziam eles que “anarquia sim, mas não tanto”!
Pouco mais de 30 anos depois, os ditos movimentos, ao que se sabe, evaporaram-se, mas os recalcamentos não soçobraram à ternura dos novos tempos.
Num curto período, já assistimos a um golpe de estado constitucional (queda do Governo de Pedro de Santana Lopes); já ouvimos a quem preside ao Conselho de Ministros que “desconhecia” o alcance da lei do tabaco; deliciamo-nos com o logro do Magalhães, e mais recentemente, ficamos estupefactos com as peripécias do orçamento.
Ironia do destino: o supremo documento financeiro da Nação, é atraiçoado na era em que o choque tecnológico e o simplex, assumem razões de Estado.
Ao vídeo tétrico que exalta as virtudes de Magalhães (disponível no youtube), assoma-se outra realidade: a pedagogia tornou-se, definitivamente, ferramenta bastarda.
O historial não o nega.
Quem viu, ou “leu” as imagens da apresentação do bem-parecido Magalhães, decerto que reparou no simplex do novo ensino: em cima das carteiras (julgo que ainda será esta a designação) não se vislumbrava uma única ferramenta de escrita: lápis ou caderno.
Triste sina dos outrora frutuosos lápis com a “tabuada” …

O Desejado. Brindemos ao regresso de Pedro Santana Lopes (PSL) à mais que provável recandidatura à Câmara de Lisboa.
PSL terá, porventura, o percurso mais sinuoso, injustiçado e imprevisível dos últimos 20 anos.
Numa época em que os Congressos do PSD (e em duas ou três ocasiões o PP) cumpriam, sem vergonha, o que cabe agora aos programas da Teresa Guilherme: ganhar audiências, PSL cumpria.
Ganhava na opinião pública, arrasava nas audiências, mas …perdia junto dos seus.
Nos momentos em que se sujeitou aos votos pátrios, ganhou sempre.
Perdeu nas eleições decorrentes do golpe constitucional, porque tinha que as perder, da mesma forma que perderá qualquer outra eleição nacional.
PSL, é um facto, sairá sempre derrotado, porque será eternamente castigado pelo feito conseguido: ter sido o único que conseguiu humilhar uma frente de esquerda unida…
É a vida, ensinava in illo tempore, Guterres, António.
Para os curandeiros do regime, a ironia deste regresso de PSL, não radica no gesto em si, mas na pessoa que o provocou.
Abstraindo-nos das teorias de que os “contrários se atraem”, a alternativa PSL era... previsível!
Manuela Ferreira Leite precisa que o mais vivo sucedâneo da propaganda socrática (António Costa) seja combatido, e daí o seu “criador” desgastado.
Manuela Ferreira Leite passará da táctica do silêncio, para a estratégia do ventríloquo!
PSL falará por ela, na lógica de que o diálogo sobre Lisboa poderá condicionar a flutuação de votos.
Essa é que é essa!

PS (o outro). Cumpra-se Magalhães! Doravante, estes e outros apontamentos estarão disponíveis em amoleirinha.blogspot.com. Fica o registo.