quarta-feira, 6 de maio de 2009

Coisas do Nordeste

Outubro: o mês de todas as decisões!
A indecisão paira na atmosfera.
O desconhecimento de quem vai a jogo, é geral.
Todos se preocupam com o rumo que o destino glorioso pode ter, mas ainda não se perfilham, objectivamente, domadores para encaminhar o voo desejado.
Não obstante os prazos a cumprir, entre nomes propalados e vontades pífias assumidas, ninguém sabe quem é, ou quem são, os rostos que pretendem acolher a vontade dos inscritos nos cadernos eleitorais.
Malgrado a multiplicação dos projectos de intenções, dos chorrilhos de ideais que são regateadas, e das vontades ganhadoras enunciadas, não se vislumbra qualquer fumo branco no horizonte.
Por este andar tíbio, as massas ainda irão para férias de verão (rima e não faz mal) sem saberem quais as candidaturas presidenciáveis.
Assim está a ser a pré-campanha para as eleições do Benfica!
O Segredo. Uma amiga dada aos esoterismos decidiu, em nome da Pátria (reminiscências do mês de Abril, presume-se), pegar na trela e, na companhia do excelente perdigueiro português com pedigree, rumar por esses cantos fora à procura da cabala e de todos os vasos comunicantes que se lhe associam (campanhas negras, poderes ocultos, etc etc…).
Não foi preciso.
Após um curto período de reflexão, ela percebeu que a cabala faz parte da nossa História.
É um gene que já nasceu com a nossa “nacionalidade”, e persegue-a qual sombra tenebrosa.
Grosso modo, em termos simples mas não simplistas, podemos fazer a redistribuição cronológica da Cabala em menos de meia dúzia de tempos históricos.
O 1º período, expeliu no processo em que caíram um grupo de conspiradores galegos em conluio com D. Teresa, cujo desfecho imparável nunca mais abrandou.
Após séculos de frustrações e recalcamentos, a cabala originou uma campanha negra que desembocou na tomada do poder pelos Filipes. Dando-se assim o IIº período.
Mas como a História é um sistema em constante evolução, e este País não dorme, apesar de todas as convulsões e transições, em Abril de 1974 a Nação acorda com o susto dos poderes ocultos. Fim do IIIº período!
A partir daqui, já todos conhecem a História e estórias que nos levaram e levam para momentos de glória, não obstante as adversidades negras da Nação.
Eusébio chorou pelas Quinas, Scolari sofreu e quase ganhou com os seus, Figo e Ronaldo são uns vencedores onde só vingam os melhores, e quanto ao resto, inibo-me de me pronunciar, já que, fazendo fé (valha-nos Deus, será a fé, os dedos dos tempos que correm?...) os processos andam aí!
E eu, conservador, católico, praticante de quando em vez, pai de filhos, pretendo continuar perenemente ligado aos bons ensinamentos da Santa Madre Igreja.
Assim seja feita esta vontade, para não claudicar na piada fácil e quiçá… pecar!
Ou ter um processo.
O Estranho Caso de D. Afonso Henriques. Discorre nos meios académicos a tese, sustentada em documentos históricos assinados por D. Teresa, de que D. Afonso Henriques teria nascido em Viseu.
Em tese, o berço de cada um não carece de grandes pleitos, a não ser que, por razões simbólicas, a unidade de maternidade que está posta em causa, seja aquela em que veio ao mundo o nosso Primeiro Chefe de Estado (para utilizar uma terminologia mais contemporânea).
Vem isto a propósito das comemorações dos 900 anos do nascimento do Senhor D. Afonso Henriques.
A cidade de Guimarães, obviamente, vai comemorar com pompa a circunstância. Um comportamento expectável, já que o Fundador se encontra encrostado à cidade.
O que nos deve obrigar a pensar, é a idoneidade, ou o romantismo, com que se alimenta a História de Portugal.
As investigações agora veiculadas, exceptuando um ou outro meio, estão a ser expurgadas do debate público.
Acaso esta tese do obscurantismo se mantenha, mesmo que se trate da simbologia do elemento principal a constar no cartão do cidadão à l’ époque, não deixa de ser um elemento de relevância histórica.
Ao descriminá-lo, embrulhamo-nos nas orientações que vigoravam no cancioneiro de um certo tempo…
A Europa está connosco? Foi nos idos anos 70, que o PS lançou como mensagem de campanha nas eleições legislativas de então, o célebre “A Europa Connosco”.
Atendendo ao período de transição política que se atravessava, este apelo trazia consigo a preconização de um sistema político plural no campo ideológico, e no campo da estratégia política, tinha como intuito “colar” o PS a uma influência com ramificações aos Governos da então CEE.
Volvidos que estão 22 anos da plena integração, e num contexto de pré-eleições europeias, o que move os partidos em sede de eleições europeias?
A resposta (generalizada, bem entendido, porque há algumas residuais excepções) é simples: nada!
Atentemos para os cabeças de lista conhecidos.
Temos a continuidade na esquerda e extra-esquerda (pouco significativo, na utilidade da coisa), temos o efeito diversão no PS, o travão no CDS-PP e a pretensão silenciosa do PSD.
A escolha de Vital Moreira estriba-se na arte do efeito diversão!
Não é homem de massas, não é homem de comunicação (basta apreciar a dissonância entre o que escreve no seu blogue e a opinião oficial partidária…), é independente, longe do aparelho.
Pelo contrário, é um intelectual. Assim sendo, vai construindo um discurso que, no momento, interessa à situação: focalizado em teorias do europês, mas que nada dizem ao eleitor comum. Indubitavelmente útil no campo das ideias, mas desinteressante na tradição das europeias…
Vai, portanto, afastando do discurso a realidade política caseira. Conveniente para a situação, mas não consequente, atendendo às manobras da reacção!
Foi a antever esta estratégia, que o PP avançou com pesos pesados: dirigentes partidários e Deputados Nacionais. Experiência acumulada para que se discuta, nestas “primárias” a política caseira…
Conveniente para o momento, péssimo para as pretensões da situação.
Pergunta-se: saberá o PSD acompanhar este percurso inteligente do PP?
No resto dos dias que faltam, saberemos a verdade e consequência desta opção vital!
A Europa, segue dentro de momentos…

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