domingo, 19 de outubro de 2008

Coisas do Nordeste

Tudo Bons Rapazes. A Pátria assiste, com a agonia dos costumes, aos resquícios do ataque ao interior.
Julgar-se-á que se estará a impor a essa prolixa minoria distante do mar, uma burca que nos impede de sermos ouvidos na colonização do nosso próprio destino, ou que nos impossibilita, face a uma mentalidade enraizada política e culturalmente, de competirmos com o país litorolizado.
Não deixa de ser deliciosamente irónico, que no trilho desse brejo para onde nos querem diplomaticamente levar (sem sequer fazer o obséquio de nos questionarem se nos contentamos com uma auto-determinação!), algumas das leis promulgadas e outras, ainda, creio eu, em fase de negociação, inserirem-se num contexto de destabilização precisamente das instituições que pugnam por travar, combater, ou atenuar, as agoirentas consequências da (actual) interioridade!
As autarquias, para mal dos pecados dos cínicos, continuam a ser o freio ao pernicioso alastrar do mais negativo que tem a interioridade.
Exceptuando a excelsa actuação das Autarquias que, não obstante as intentonas que contra elas florescem (como se houvessem subsídios a fundo perdido para tal fim), há poucos lastros (os que se exteriorizam são residuais) de mais Viriatos (almeja-se que quando aparecerem não atraiam traidores...) que consigam combater (nem sempre de forma vitoriosa, é certo) esse portentoso exército possuidor de uma das mais letais das armas: o canhão legislativo!
Paradoxalmente, o outro braço (executivo), apesar dos séquitos da retaguarda, pode sucumbir ao lastro do veto das populações.
Foi assim c.c (com Cavaco), c.g (com Guterres) e com outras egrégias figuras nos tempos mais coevos.
Nada de mais!
Apenas se cumpre Abril, recordando as palavras de ordem “o Povo é quem mais ordena”!
O tempo dirá, se no meio das estevas não surgirá um sucedâneo de Espartaco, gladiador do ano 70 ac, notabilizado por ter liderado uma revolta de escravos na Antiga Roma. Começou apenas com 70 seguidores!...

Príncipe Perfeito. Poderá ser hipérbole de escrita, mas a circunstância não deixa de ter laivos de ironia.
Nos últimos tempos, têm sido amiúde os casos em que politólogos e vox popoli mais esclarecida, pedem emprestada a literatura de Guerra Junqueiro para reforçarem, ou alimentarem, a opinião que compartilham com os nativos.
Em tese, nada que mereça o Nobel!
Doutos litoralizados esgrimem de quando em vez com Camilo de Castelo Branco ou Eça de Queirós, para fazerem o cerco ao estado da Nação.
A novidade com Junqueiro é que, por um lado, supunha-se olvidado (não está, de todo...), por outro lado, é sabido que o escriba da Velhice do Padre Eterno representa, indubitavelmente, a interioridade.
Não só pela razão intelectual de alguns dos seus escritos, mas também pela naturalidade: Freixo de Espada à Cinta.
Assim, nos tempos que correm, socorrerem-se de um Poeta com estas (pelo menos) duas características mais do que um feito, é bem feito!
Essa é que é essa!

PS (o outro): Foi, grosso modo, no Nordeste que tive de forma mais perene a ligação à comarca da escrita opinativa.
Por vicissitudes que a própria (boa, no sentido de realização pessoal) vida se encarrega de fomentar, não estive aqui, mas andei por aí (plagiando um ex Primeiro-Ministro que (in)felizmente nunca será compreendido e “jamais” voltará a ser acolhido).
Regresso com a sã particularidade de escrever a partir de Freixo de Espada à Cinta: terra prometida que devia ser visitada, no mínimo, uma vez por ano por cada Bragançano!
A justificação desta nota traz consigo (deliberadamente e não humildemente) um desígnio (já que estamos no tempo deles!): demonstrar que também há vida para além de Bragança...
Vida, não em sentido noticioso, bem entendido, mas vida... opinativa.
Vocês sabem do que estou a falar!

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