segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Coisas do Nordeste


(Salvador Dali, Persistência da Memória)
Taxa de Câmbio. Aos 19 de Outubro de 2008, 3.º ano da era da boa moeda, numas eleições pautadas pela maior taxa de abstenção de sempre, o PS manteve a maioria absoluta no parlamento regional dos Açores.
Dizem as crónicas que Sócrates, na esteira da sua postura standard, rejubilou.
É normal. Nem à lupa se justifica que se criem convulsões pasmódicas.
O Povo açoriano, limitou-se a corresponder às expectativas do que nos oferece quem representa a “Pátria”.
Exceptuando as eleições autárquicas, e verdade seja dita, muito antes do início da épica era da boa moeda, que o distanciamento entre soberanos e governantes, é do tamanho de uma cratera.
O perigoso, não é ser-se eleito por uma franja do eleitorado. Perde-se e ganha-se por um.
O que é sintomático, é que passados mais de 30 anos da Revolução de Abril, os eleitores não se abstêm de manifestar a descrença do poder do voto!

Este país não é para Velhos. Dizem as memórias escritas, que no glorioso período do PREC, os insuspeitos movimentos anarquistas indignavam-se com o estado de sítio que pululava por este rectângulo soberano.
Diziam eles que “anarquia sim, mas não tanto”!
Pouco mais de 30 anos depois, os ditos movimentos, ao que se sabe, evaporaram-se, mas os recalcamentos não soçobraram à ternura dos novos tempos.
Num curto período, já assistimos a um golpe de estado constitucional (queda do Governo de Pedro de Santana Lopes); já ouvimos a quem preside ao Conselho de Ministros que “desconhecia” o alcance da lei do tabaco; deliciamo-nos com o logro do Magalhães, e mais recentemente, ficamos estupefactos com as peripécias do orçamento.
Ironia do destino: o supremo documento financeiro da Nação, é atraiçoado na era em que o choque tecnológico e o simplex, assumem razões de Estado.
Ao vídeo tétrico que exalta as virtudes de Magalhães (disponível no youtube), assoma-se outra realidade: a pedagogia tornou-se, definitivamente, ferramenta bastarda.
O historial não o nega.
Quem viu, ou “leu” as imagens da apresentação do bem-parecido Magalhães, decerto que reparou no simplex do novo ensino: em cima das carteiras (julgo que ainda será esta a designação) não se vislumbrava uma única ferramenta de escrita: lápis ou caderno.
Triste sina dos outrora frutuosos lápis com a “tabuada” …

O Desejado. Brindemos ao regresso de Pedro Santana Lopes (PSL) à mais que provável recandidatura à Câmara de Lisboa.
PSL terá, porventura, o percurso mais sinuoso, injustiçado e imprevisível dos últimos 20 anos.
Numa época em que os Congressos do PSD (e em duas ou três ocasiões o PP) cumpriam, sem vergonha, o que cabe agora aos programas da Teresa Guilherme: ganhar audiências, PSL cumpria.
Ganhava na opinião pública, arrasava nas audiências, mas …perdia junto dos seus.
Nos momentos em que se sujeitou aos votos pátrios, ganhou sempre.
Perdeu nas eleições decorrentes do golpe constitucional, porque tinha que as perder, da mesma forma que perderá qualquer outra eleição nacional.
PSL, é um facto, sairá sempre derrotado, porque será eternamente castigado pelo feito conseguido: ter sido o único que conseguiu humilhar uma frente de esquerda unida…
É a vida, ensinava in illo tempore, Guterres, António.
Para os curandeiros do regime, a ironia deste regresso de PSL, não radica no gesto em si, mas na pessoa que o provocou.
Abstraindo-nos das teorias de que os “contrários se atraem”, a alternativa PSL era... previsível!
Manuela Ferreira Leite precisa que o mais vivo sucedâneo da propaganda socrática (António Costa) seja combatido, e daí o seu “criador” desgastado.
Manuela Ferreira Leite passará da táctica do silêncio, para a estratégia do ventríloquo!
PSL falará por ela, na lógica de que o diálogo sobre Lisboa poderá condicionar a flutuação de votos.
Essa é que é essa!

PS (o outro). Cumpra-se Magalhães! Doravante, estes e outros apontamentos estarão disponíveis em amoleirinha.blogspot.com. Fica o registo.

2 comentários:

Kruzes Kanhoto disse...

Este blogue é editado a partir de um Magalhães?

cartasdefreixo disse...

Agradeço o comentário, mas posso sossegar as mentes: a moleirinha não carece de exorcizão.